A SERINGUEIRA (Hevea brasiliensis)


A seringueira, árvore de grande significado no contexto da história da Amazônia, é um dos recursos naturais que pode ser explorado como recurso pedagógico no ensino. Hevea brasiliensis é o nome científico da seringueira, uma árvore que pertence à classe Dicotiledônea e a família Euphorbiaceae. Todas as espécies têm como características em seu caule, substâncias latescentes, que contém látex branco ou colorido.A Hevea brasiliensis tem dentre todas as maiores capacidades produtivas e é mais resistência a doenças conforme informações do site do Instituto de Pesquisas e Estudos florestais. A espécie é nativa da região e se apresenta como a principal fonte de borracha natural do mundo (IPEF, 2019). A Seringueira é uma árvore de onde é extraído o látex. Pode ser encontrado em regiões de terra firme e várzea. São mais de 11 espécies encontradas no Brasil. Contudo, a espécie Hevea brasiliensis tem maior valor econômico, devido às propriedades do látex.

Foto: Coleta Látex (site IDAM/AM)


Classificação científica
  • Classe: Dicotiledônea
  • Família: Euphorbiaceae
  • Nome científico: Hevea brasiliensis
  • Nome popular: Seringueira
  • Fruto: Cápsula grande. Normalmente tem 3 sementes. Peso 3,5 a 6 gramas.
  • Látex: Emulsão de micro partículas poliméricas em meio aquoso. 


O Ciclo de Desenvolvimento

Foi a seringueira a responsável pelo ciclo migratório de desenvolvimento do Brasil com maior grandiosidade em sua história. Mais de 500.000 mil nordestinos saíram de suas terras, muitos deles fugindo da fome ocasionada pela seca, em busca de esperança e riqueza que o látex da seringueira proporcionou em seus dois ciclos de desenvolvimento ocorridos na Amazônia (BENCHIMOL, 1999).

O ciclo da borracha possibilitou a ocupação da Amazônia. E a seca do Nordeste de 1877 trouxe um grande contingente humano para a Amazônia. Foi a fase de maior expansão da borracha brasileira (TEIXEIRA, 2019). No período de maior riqueza do ciclo, o Teatro Amazonas figurou entre os quatro mais importantes palcos de artes cênicas do mundo. Entre 1880 e 1920 a borracha da região amazônica representou 40% do total da exportação brasileira. O total de migrantes que ocuparam a Amazônia até meados da década de 1940 era de 500.000 a 600.000 (BENCHIMOL, 1999). 


Personagens do Ciclo da Borracha

SeringueiroDentre os personagens que estão inseridos na história do Ciclo da Borracha podemos destacar o seringueiro que tinha a função de ficar na mata para extrair o látex da seringueira. Contribuiu para o fluxo migratório com a saída do homem do Nordeste para povoar a Amazônia em busca do trabalho e riqueza prometida com a extração do látex. Era submetido a um exaustivo trabalho e um endividamento duradouro (BENCHIMOL, 1999). 


Figura: Seringueiro (acervo IBGE)

Soldados da Borracha

Eram as pessoas convocadas para ocupar a região Norte por meio de uma propaganda que enalteciam a riqueza ocasionada pela extração do látex. As pessoas eram chamadas a trabalhar e se conseguissem extrair a maior quantidade de látex, levariam para casa 35 mil réis (TEIXEIRA, 2019).

 

Foto: Soldados da Borracha (Agência Senado)

O kit seringueiro

Quando chegavam à região, os nordestinos recebiam um pacote e nele constavam: calça de mescla azul, camisa de morim branco, chapéu de palha, alpercatas de rabicho, caneca de flandres, prato fundo, colher, rede, cigarro Colomy e saco de estopa como mala.

Figura: Cartilha do Soldado da Borracha, com desenho de Jean-Pierre Chabloz (1943)


Seringalista

O seringalista era o dono do seringal. Usava bárbaros métodos de trabalho com os seringueiros. Era o dono das terras e ditava as ordens. Jornais impressos da época narram histórias onde a violência representava o poder simbólico dos coronéis de barranco. Havia regulamentos onde constavam penas aos trabalhadores que não seguiam as regras. Dentre elas: ao seringueiro que porventura não cumprisse a meta de fazer um corte inferior ao gume do machado era estabelecida a multa de 100 mil réis; o seringueiro que comprasse qualquer mercadoria fora do ambiente do seringal pagaria multa equivalente a 50% do valor comprado (SILVA, 2018). Os seringalistas normalmente moravam no seringal, no meio da mata. Contudo, vivia com o conforto como se estivesse na cidade, em uma luxuosa moradia.  


Foto: Antiga residência de um seringalista em Manaus (acervo IBGE)

Herança da Belle Époque amazonense

O período compreendido entre as últimas décadas do século XIX e o início do século XX foi chamado de Belle Époque porque representou a hegemonia da sociedade burguesa da época. Naquele momento da história surgiram as grandes construções de Manaus, como o Teatro Amazonas, a Alfândega, o Palácio da Justiça dente outros, e que representam até hoje aquele período de bonança. A população vivia os costumes da Europa e todo seu luxo (DAOU, 2004).


Foto: Teatro Amazonas (acervo IBGE)



Referências

DAOU, A.M. A Belle Époque Amazônica. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. Edição Kindle.

INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS FLORESTAIS - IPEF. Hevea brasiliensis (Seringueira). Disponível em: https://www.ipef.br/identificacao/hevea.brasiliensis.asp. Acesso em: 22 fev. 2019.

LIMA, F. A. O. Soldados da Borracha: das vivências do passado às lutas contemporâneas (Mestrado em História) . Universidade Federal do Amazonas, 2002.

OLIVEIRA, E. N. S.; FACHÍN-TERÁN, A. Museu do Seringal Vila Paraíso. 2020. Disponível em: https://ensinodeciencia.webnode.com.br/products/museu-do-seringal-vila-paraiso/. Acesso em: 24 jul. 2020.

REIS, A.R.H.; FACHÍN-TERÁN, A.; FONSECA, A.P.M.; SOUZA, S.A. A história de exploração da “seringa” (Hevea brasiliensis) e o ensino de ciências no museu do seringal Vila Paraíso. Ensino & Pesquisa, v.16, p. 229-241, 2018.

SANTOS, F. J. DOS, 1952. História geral da Amazônia. 4 ed. Rio de Janeiro: MEMVAVMEM, 2013.

SANTOS, N. Seringueiros da Amazônia: sobreviventes da fartura. Tese (Doutorado em Geografia Humana). Universidade de São Paulo, 2002.

SILVA, I. S. Faces da Amazônia: retratos da diversidade de um povo. Curitiba: CRV, 2018.

SILVA, F.; SANTOS, S.; FACHÍN-TERÁN, A; OLIVEIRA, L. O Potencial Pedagógico do Museu do Seringal Vila Paraíso para o ensino de ciências. Areté – Revista Amazônica de Ensino de Ciências, Manaus, v.14, n.24, p. 186-206, ago-dez, 2018.

Organizadores

  • Ercilene do Nascimento Silva de Oliveira, mestranda PPGEEC/UEA
  • Dr. Augusto Fachín Terán, orientador

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